A petição lançada no dia 20 a pedir a abolição da garraiada da Queima das Fitas de Coimbra, devido à prática de violência contra animais, conta com 1.400 assinaturas, de acordo com os dados consultados hoje de manhã.."Coimbra tem mais encanto sem sangue na despedida", frisa o texto da petição, que defende que a Queima das Fitas deveria acabar com esta "atividade obsoleta", que promove uma "cultura que ritualiza e glorifica exercícios de domínio, de subjugação e de violência"..A festa "faz sentido e os estudantes podem divertir-se, mas sem prejudicar animais. A garraiada [tourada com garraios - touros novos] é desnecessária e é cruel", disse à agência Lusa Ana Bordalo, uma das responsáveis pela petição..Para esta estudante de Direito da Universidade de Coimbra, a atividade "não se justifica" em pleno século XXI, em que a ciência já produziu conhecimento que mostra "que os animais também sofrem"..A petição "online" é dirigida ao Conselho de Veteranos, à Comissão da Queima das Fitas e à Associação Académica de Coimbra, e, até às 08:30 de hoje, já contava com 1.400 assinaturas..Ana Bordalo criticou ainda o "imobilismo" das entidades, que se "agarram muito à tradição", defendendo que, em ambiente académico, é necessário "questionar aquilo que existe e perceber se as práticas estão ajustadas à realidade"..No entanto, "a tendência é para se aceitar sem se questionar", apontou..O secretário-geral da Comissão Organizadora da Queima das Fitas, André Gomes, informou que a atividade vai realizar-se, afirmando que a atividade nunca foi posta em discussão e "sempre se concordou com a mesma"..Questionado sobre se considera se há ou não violência sobre os animais na garraiada, André Gomes disse apenas que "é a violência normal para uma garraiada"..O secretário-geral da Queima de Coimbra sublinhou ainda que a organização está sensível à "problemática dos animais", recordando que neste ano apoiaram uma associação de animais com doação de ração..O Dux Veteranorum da Universidade de Coimbra, que preside ao Conselho de Veteranos, João Luís Jesus, disse à agência Lusa que este evento está inserido na Queima das Fitas "desde 1929" e que a Garraiada, que se realiza no Coliseu da Figueira da Foz (com capacidade para 5.500 pessoas), "esgota sempre".."Enquanto os estudantes lá forem e o recinto estiver cheio, continua a haver garraiada", salientou, recusando pronunciar-se sobre se a prática é errada ou não: "Não é o Conselho de Veteranos que vai decidir isso"..João Luís Jesus explicou que a garraiada começa com os fitados (último ano de licenciatura) das diferentes faculdades a darem uma volta à arena, depois decorre "a garraiada propriamente dita", com cavaleiros, forcados e bandarilheiros, terminando com uma "brincadeira" em que os estudantes fazem pegas aos garraios.